Política em um minuto – 22/12/2022
Os dias do vereador Armandinho Fontoura (Podemos), eleito para presidir a mesa diretora da Câmara Municipal de Vitória, não estão fáceis. Preso por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, acusado de “atos antidemocráticos”, o vereador está isolado em uma cela no presídio de Viana e enfrentará um outro baque quando sair: terá que encarar seus colegas de plenário que se aproveitam da situação para tirá-lo da presidência da câmara antes mesmo de tomar posse, marcada para o dia primeiro de janeiro de 2023.
O golpe
O primeiro nome que surgiu como possível alternativa ao de Armandinho foi o do vereador Duda Brasil (União), eleito vice-presidente na chapa de Armandinho, que se colocou à disposição da cidade e dos seus colegas, mas negou estar se movimentando (Sobre o golpe: Duda Brasil culpa os colegas e se coloca como sucessor natural)
O golpe no golpe
Agora o nome que surge jogando um balde de água fria nos planos de Duda Brasil é o do vereador delegado Leandro Piquet (Republicanos). Seria um golpe dentro do golpe. Piquet já teria uma lista com 12 vereadores que o apoiam.
O entrave
Retirar a presidência de Armandinho enquanto ele está preso não é tarefa fácil. Os votos para isso o vereador Piquet parece que já conseguiu. O problema é convencer a cidade de Vitória, particularmente, o eleitor conservador de direita que observa em Armandinho um representante legítimo da defesa de seus ideais de que não se trata de um golpe. Como explicar ao eleitor que trairiam Armandinho enquanto o vereador está preso por defender o pensamento da direita conservadora?
A solução
Parece mentira, mas a “solução” encontrada por alguns dos vereadores que querem Armandinho fora da presidência é apresentar novas denúncias contra o vereador. Esses “gênios” acreditam que podem convencer os eleitores da direita conservadora que o motivo real da retirada de Armandinho da presidência não é o fato de estar preso, e sim outros crimes que o vereador teria cometido. A estratégia é denegrir a imagem de Armandinho junto ao seu eleitor.
Que denúncias são essas?
A informação é que uma assessora do vereador Armandinho irá denunciá-lo por Rachid. Se a denúncia é verídica, o vereador deve ser punido pela prática, mas o que chama atenção é o oportunismo por trás da denúncia: aproveitar-se de que o parlamentar está preso e incomunicável, negando-lhe assim o direito de defesa, casa exatamente com os interesses daqueles que querem tomar a presidência.
E os vereadores de Vitória são contra o Rachid?
Nesse caso do Armandinho, sim. Será suficiente uma assessora acusar, sem que o vereador possa se defender, para que a indignação tome conta da câmara. Mas, quando denunciamos, com provas, um esquema muito maior no gabinete de outro vereador durante o período eleitoral de 2022, nenhum dos seus colegas se indignou ou se manifestou.
Existem outros
Nossa equipe recebeu a informação que existem outros vereadores de Vitória alvos de investigação do Ministério Público (MPES) por prática de Rachid. Em alguns casos, os vereadores são investigados por obrigarem seus assessores a pegarem empréstimo consignado e repassarem o dinheiro ao vereador, e a parcela do empréstimo é descontada do salário do assessor. É o vale-rachid, uma adaptação do velho modelo de rachid. Se os nomes dos vereadores investigados por essa prática forem divulgados, ficará difícil formar uma chapa limpa para disputar a presidência.
E o que ganham com a saída do Armandinho?
Nesse caso, existe um interesse maior. Alguns vereadores estão barganhando por mais cargos. Nossa fonte, que esteve em uma reunião com os vereadores, disse que, às portas fechadas foi apresentada uma lista de cargos comissionados na câmara municipal que estariam a disposição dos vereadores que apoiarem a realização de uma nova eleição para a mesa diretora.
Ainda há esperança
Nossa fonte disse que não são todos os vereadores que praticam Rachid ou que estariam barganhando por mais cargos, alguns apenas não gostam da postura do Armandinho ou discordam ideologicamente do vereador, mas a verdade é que essa movimentação pode manchar a imagem da Câmara de Vereadores de Vitória.
Agora é aguardar para ver quem será o primeiro vereador de Vitória a atirar uma pedra em Armandinho.