O economista Ricardo Amorim foi o palestrante convidado da reunião semipresencial promovida pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), no Dia da Indústria, celebrado terça-feira (25/5).
O economista falou sobre “A indústria em novos tempos”, abordando os desafios do país e do Estado para se tornar competitivo e a inovação como caminho para o desenvolvimento do país. “Precisamos de uma política industrial que promova mudanças estruturais e aumentem a produtividade, que é o motor para aumentar a competitividade”, afirmou Ricardo Amorim.
A presidente da Findes, Cris Samorini, em seu discurso de abertura, lembrou que os países mais ricos e desenvolvidos são justamente os mais industrializados. “O objetivo das políticas industriais modernas é promover mudanças estruturais que aumentem a produtividade, com ações voltadas para os segmentos industriais e tecnologias específicas, com um ambiente econômico favorável e estímulos à pesquisa e ao desenvolvimento”, ressaltou a presidente.
Além da presidente da Findes, Cris Samorini e dos vice-presidentes da instituição, Paulo Baraona, Eduardo Dalla Mura e Luiz Almeida e do chefe de gabinete da presidência da Findes, o evento semipresencial, transmitido da sede da Findes, Vitória, também contou com a presença do superintendente do Sebrae-ES, Pedro Rigo; do diretor do Sebrae-ES, Luiz H. Toniato; do governador Renato Casagrande; do secretário de Desenvolvimento do Estado (Sectides), Tyago Hoffmann; e dos prefeitos de Vitória, Lorenzo Pazolini, e de Linhares, Guerino Zanon, o deputado federal Felipe Rigoni, entre outras lideranças empresariais e políticas.
“A atividade econômica está ligada a atividade industrial. Se a atividade industrial é forte, temos a atividade comercial e de serviço fortes e um transporte mais dinâmico. Indústria forte é Estado soberano. Já indústria fraca é Estado dependente”, afirmou o governador do Estado, Renato Casagrande.
Casagrande ainda lembrou que a crise da pandemia da Covid-19 mostra o Brasil como um país que ainda não tem a soberania industrial que precisa. Isso porque quando o país ficou dependente de respiradores, seringas e insumos para a fabricação de vacinas teve que recorrer a outros países. “Isso também mostra a necessidade do casamento que precisamos ter entre indústria e inovação. Não tem nenhuma chance de ter indústria forte sem investimento em inovação”, apontou.
Confira alguns trechos da palestra do economista Ricardo Amorim
Dependência da indústria internacional: “Sentimos a importância da indústria quando a falta de algumas indústrias fundamentais se vê tão prementes. Esse é o caso quando vemos que o Brasil não produz o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), base para a fabricação de vacinas. O interessante é que já produzimos o IFA e hoje somos dependente da indústria internacional.”
Necessidade de agregar valor à produção: “Os produtos que mais interessam são os com maior valor agregado. A briga entre EUA e China gera uma oportunidade para o agronegócio brasileiro, e eu espero que um próximo passo para ele também, que é começar a agregar valor nessa cadeia e exportar para a China não apenas produtos básicos alimentícios, mas sim produtos de valor agregado.”
Política industrial nacional: “Precisamos de uma política industrial que promova mudanças estruturais e aumentem a produtividade, que é o motor para aumentar a competitividade. Isso será possível com ações e tecnologias específicas, além da melhoria do ambiente econômico com estímulo a pesquisa e desenvolvimento. Entre tantas mudanças, defendemos também as privatizações e reformas administrativas e tributária.”
Ásia é o novo centro de gravidade da economia: “A indústria está migrando basicamente e para a Ásia. A Coréia do Sul, assim como a Malásia, vem em um processo de expansão da indústria há anos e já está significativamente acida do nível pré-pandemia. A Índia não chegou ainda no nível pré-pandemia, por conta da piora recente na pandemia, mas no pré-pandemia vinha ganhando representação mundial. Mas China é o principal país a se ficar de olho. Ela é a cadeia produtiva que está crescendo de forma mais significativa, e a qual o Brasil deveria se ‘plugar’.”
Inovação como sendo futuro: “Em 2007 o PIB brasileiro era 25 vezes maior do que o valor de mercado da Amazon e da Apple juntas. Fomos ultrapassados em 2018 por elas e, atualmente, o Brasil representa apenas metade do valor de mercado dessas empresas. Se o país não entrar de cabeça no processo de inovação estaremos condenando os nossos filhos a uma vida miserável. E esse processo de inovação tem que passar pela indústria e pelas novas tecnologias.”
Qualificação da mão de obra: “Uma das vantagens competitivas que o Espírito Santo precisa valorizar é a de falar que está preparando bons profissionais para o mercado. Qualquer indústria ou negócio quiser passar por grandes transformações precisa estar bem preparada. Se um aluno não estiver bem preparado desde sua base educacional, nenhuma universidade vai fazer o milagre de prepara-lo. Investir em educação é o primeiro passo para desenvolver e inovar.”
Informações: Assessoria Findes