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INMA adquire arquivos pessoais de três cientistas brasileiros

Os arquivos do zoólogo Alvaro Aguirre, do primatólogo Adelmar Coimbra-Filho e do conservacionista Ibsen de Gusmão Câmara estão no Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) e o processo de organização de todo material começou este mês, após a aquisição obtida depois da visita técnica da historiadora Alyne Gonçalves, pesquisadora do INMA, realizada em maio, no Rio de Janeiro. Os acervos chegaram ao INMA em julho.

A aquisição faz parte do projeto “Memórias da Conservação da Mata Atlântica no Brasil” que tem o intuito de trazer documentos acumulados pelos cientistas como cartas, fotografias, relatórios de pesquisa, cadernetas de campo e mapas a fim de transformá-los em fonte de pesquisa.

Na primeira etapa, estão sendo analisados os arquivos pessoais de cientistas ligados à Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN). Os arquivos são de Adelmar Faria Coimbra-Filho – considerado o pai da primatologia no Brasil, dedicou-se ao estudo de primatas neotropicais, em especial, os micos-leões; Almirante Ibsen de Gusmão Câmara – idealizador do conceito amplo de Mata Atlântica, nome de grande importância para a história do bioma; e Alvaro Coutinho Aguirre, zoólogo nascido em Santa Teresa, que, entre outros trabalhos, ficou conhecido por seus estudos sobre o primata Muriqui ou mono-carvoeiro, considerado extinto no Brasil até o trabalho de Aguirre, publicado em 1971, que se tornou referência sobre esse primata brasileiro.

Alexandra Aguirre, neta de Alvaro, foi quem disponibilizou os arquivos de seu avô. “Estou doando para o INMA porque acredito no trabalho profissional da instituição”, afirma.

Para a pesquisadora Alyne Gonçalves, “conservar arquivos históricos não é guardar vestígios de um passado morto. Essa documentação, ao ser organizada, se converte em novas fontes de pesquisa a respeito dos caminhos percorridos pela sociedade até chegar no presente, ou seja, as escolhas, erros e acertos que resultaram neste nosso momento atual. ”, acredita.

Os arquivos pessoais de Alvaro Aguirre e de Ibsen Câmara, doados por seus familiares, ficarão no acervo do INMA. Os arquivos de Adelmar Coimbra-Filho foram cedidos em comodato pelo Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ). Após organização e digitalização, serão restituídos ao CPRJ.

Saiba mais sobre os conservacionistas:

*Alvaro Coutinho Aguirre *

O engenheiro agrônomo e zoólogo Alvaro Coutinho Aguirre nasceu em Santa Teresa, Espírito Santo, em 7 de julho de 1899. Ele foi chefe da Seção de Pesquisas da Divisão de Caça e Pesca do Ministério da Agricultura, onde empreendeu expedições científicas a diversas regiões do Brasil, inventariando fauna e flora ali existentes, sua biologia, comportamento e habitat. No início dos anos 1940, idealizou e administrou o Parque de Refúgio de Animais Silvestres Soorotema, no norte do Espírito Santo – o primeiro do gênero no Brasil. Entre suas diversas publicações, destaca-se o livro O Mono – *Brachyteles arachnoides* (1971), obra seminal sobre a biologia, o comportamento e a conservação do muriqui, o maior primata das Américas, endêmico da Mata Atlântica brasileira, considerado extinto nos anos 1960. Aguirre faleceu em 28 de dezembro de 1987.

*Adelmar Faria Coimbra-Filho *

Adelmar Faria Coimbra-Filho nasceu em Fortaleza, Ceará, no dia 4 de junho de 1924. Formou-se técnico agrícola pela Escola Superior de Agricultura de Minas Gerais, em História Natural pela Universidade da Guanabara e fez mestrado em Zoologia no Museu Nacional do Rio de Janeiro/UFRJ. Foi diretor do antigo Parque Florestal da Gávea (1946-1957), atual Parque da Cidade (RJ), do Serviço Técnico-Científico do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro (1963-1973) e do Instituto de Conservação da Natureza da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado da Guanabara (1973-1975). A partir dos anos 1960, dedicou-se à taxonomia, etologia e criação de primatas neotropicais em cativeiro, sobretudo de micos-leões (*Leontopithecus*), nicho de pesquisas que lhe rendeu o epíteto de “pai da primatologia” do Brasil. Em 1964, desenvolveu estudos, juntamente com Alceo Magnanini, sobre as causas e medidas necessárias para a conservação de diversas espécies ameaçadas de extinção no Brasil, os quais subsidiaram a primeira lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção, publicada em 1973.

Coimbra-Filho contribuiu para a preservação de remanescentes da Mata Atlântica brasileira, por meio da criação de áreas protegidas como a Reserva Biológica de Poço das Antas (Rio de Janeiro, 1974) e a Reserva Biológica de Una (Bahia, 1980). Em 1979, fundou, juntamente com colaboradores, o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), voltado para a pesquisa e conservação de primatas neotropicais. Ele faleceu em 27 de junho de 2016, aos 92 anos.

*Ibsen de Gusmão Câmara *

Ibsen de Gusmão Câmara nasceu no Rio de Janeiro, em dezembro de 1923. Apaixonado desde menino por viagens e história natural, fez carreira na Marinha e tornou-se paleontólogo autodidata, reconhecido por profissionais da época. Ocupou cargos estratégicos como os de 1º secretário da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (1973) e vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas (1977). Após ter sido reformado em 1981, assumiu a presidência da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN), atuou como conselheiro da Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Nos anos 80, Câmara liderou a campanha contra a caça de baleias no Brasil e trabalhou arduamente para a criação da Reserva Biológica Atol das Rocas (1979) – o primeiro parque marinho do país -, de Abrolhos (1983) e de Fernando de Noronha (1987). A ele é atribuída a proposta basilar referente ao “conceito abrangente” de Mata Atlântica, consolidado na Lei da Mata Atlântica (2006).

 

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