O Espírito Santo passa a ter um marco inédito na área da ciência e da saúde. Do mesmo grupo do centro de estudos Cenders – referência nacional em pesquisa médica e na condução de estudos clínicos – surge agora a nova empresa CaseXCenders, que atuará como uma CRO (Contract Research Organization) com foco em oftalmologia.
Essa instituição de pesquisa clínica, contratada por indústrias farmacêuticas, será responsável por organizar protocolos, distribuir estudos clínicos entre centros de pesquisa no Brasil e na América Latina e gerenciar todo o processo para garantir o cumprimento dos princípios científicos, éticos e de segurança. Com isso, o Espírito Santo passa a integrar oficialmente o mapa internacional da pesquisa científica.
A partir desta nova etapa, o grupo inicia um novo desafio e avança com a CaseXCenders CRO, que passa a gerenciar todo o processo científico – da concepção à coordenação dos centros de estudos na condução de pesquisas clínicas em oftalmologia. Essa iniciativa representa um importante avanço, posicionando o Espírito Santo entre os principais polos nacionais da área.
Para o diretor do CaseXCenders, Vinícius Nunes, a conquista reflete o amadurecimento da infraestrutura científica construída no Estado. “Coordenar um estudo clínico dessa natureza, em parceria com instituições do Brasil e do exterior, demonstra o nível de maturidade que alcançamos. Nosso papel agora é integrar a indústria farmacêutica e os centros de pesquisa, assegurando rigor metodológico e resultados que realmente contribuam com o avanço da medicina”, afirma.
Primeiro projeto: inteligência artificial e biomarcadores para combater a retinopatia diabética
O primeiro estudo coordenado pela nova CRO capixaba será um projeto internacional inédito na área de oftalmologia, voltado à investigação de biomarcadores associados à retinopatia diabética, uma das principais causas de cegueira evitável no mundo.
A pesquisa, patrocinada pela empresa norte-americana ClinOmicsAI, será realizada em parceria com o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam – UFES) e o Hospital dos Olhos do Espírito Santo (Hoes), com possibilidade de expansão para centros de São Paulo. Está previsto o recrutamento de até 360 pacientes.
De acordo com o Dr. David Almeida, cirurgião vitreorretiniano e cientista clínico que lidera o estudo, a pesquisa representa uma mudança de paradigma na forma de diagnosticar e prevenir a retinopatia diabética. “Atualmente tratamos a doença de forma reativa, quando o dano já ocorreu. Este estudo marca uma transição: estamos passando do tratamento tardio para a predição precoce. Pela primeira vez, utilizamos uma análise avançada baseada em inteligência artificial da ‘impressão digital’ proteica do olho (seu proteoma) para identificar os primeiros sinais moleculares da doença. Isso nos permitirá reconhecer pacientes com alto risco de perda de visão antes que o dano seja irreversível, abrindo caminho para terapias preventivas e personalizadas”, explica Almeida.
Segundo ele, a escolha do Espírito Santo foi estratégica. “O grupo Cenders é reconhecido por sua excelência operacional e qualidade científica. A infraestrutura crescente em pesquisa clínica no Estado e a diversidade da população local tornam o Brasil, e especialmente o Espírito Santo, o cenário ideal para descobertas que possam ser aplicadas globalmente”, complementa.
O oftalmologista Fernando Zanetti, responsável pela condução clínica do estudo no Hospital dos Olhos do Espírito Santo (Hoes), avalia o impacto da iniciativa: “É um marco histórico para a ciência capixaba e reforça a competência técnica das equipes locais. O Cenders já possui ampla experiência na condução de estudos clínicos nacionais e internacionais, sempre com alto padrão de qualidade e rigor científico. No último estudo internacional conduzido em parceria com o Hospital Digital de Olhos (Hoes), alcançamos o status de top recruiter no Brasil, o que demonstra nosso comprometimento com a pesquisa e com os pacientes”, diz.
Para o Dr. Thiago Cabral, pesquisador principal no Hucam – Ufes, o projeto é um avanço estratégico para a saúde no país. “Essa pesquisa representa um passo significativo na busca por novas alternativas terapêuticas para a retinopatia diabética. Permite testar, de forma rigorosa, uma nova estratégia com potencial de oferecer mais eficácia, segurança e comodidade aos pacientes. É um marco histórico para o Espírito Santo e um reconhecimento da competência das nossas equipes locais”, afirma.
Ele destaca ainda o papel dos hospitais capixabas na consolidação dessa nova fase. “A inclusão de instituições como o Hucam confere ao projeto uma dimensão acadêmica e social essencial. Além de gerar conhecimento científico, a pesquisa forma profissionais, fortalece nossa rede de pesquisa clínica e insere o Espírito Santo de forma definitiva no cenário internacional da ciência”, completa.
Um novo capítulo para a ciência capixaba
O início da atuação do Cenders como CRO e a chegada desse projeto internacional marcam um novo capítulo para a ciência e a inovação em saúde no Espírito Santo. Além de fortalecer a presença do Estado em iniciativas globais, o movimento consolida um ecossistema local de pesquisa capaz de atrair investimentos, gerar conhecimento e impulsionar carreiras.
Para Vinícius Nunes, a conquista é fruto de um trabalho contínuo e de uma visão de futuro. “O que está acontecendo agora é resultado de anos de investimento em capacitação, ética e estrutura. O Cenders passa a ser um elo entre o Espírito Santo e os grandes centros mundiais de pesquisa clínica. É motivo de orgulho para todos nós e uma oportunidade real de transformar ciência em qualidade de vida para as pessoas”, conclui.
