Dos 30 deputados estaduais da atual legislatura, apenas quatro são mulheres, o que não chega a 14% de representação feminina na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). O número ainda é muito pequeno, mas já aumentou em relação à legislatura passada, quando eram apenas três parlamentares.
Atualmente, o Legislativo estadual capixaba conta com o trabalho de Camila Valadão (Psol), Iriny Lopes (PT), Janete de Sá (PSB) e Raquel Lessa (PP). Apesar de ser uma bancada pequena do ponto de vista numérico, são mulheres com forte atuação na vida política e social. Todas com legado relevante e com história de importantes lutas em várias áreas, inclusive nas causas femininas.
Raquel Lessa, por exemplo, foi a primeira mulher à frente da Prefeitura de São Gabriel da Palha, em 2004. Janete de Sá, a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Ferroviários no Estado, uma categoria predominantemente masculina. Iriny Lopes, a primeira ministra das mulheres, cargo que ocupou no governo Dilma Roussef, em 2011 e 2012. Camila Valadão foi a mulher com maior número de votos para deputada estadual, alcançando a marca de mais de 52 mil eleitores que escolheram seu nome para a Casa Legislativa em 2022.
Há o que comemorar em 8 de março?
Apesar do cenário ainda de grande violência e machismo em nossa sociedade, as parlamentares estaduais do Espírito Santo concordam integralmente que não se pode deixar de reconhecer, sim, os avanços obtidos até aqui, no Dia Internacional das Mulheres, celebrado em 8 de março.
Deputada Raquel Lessa: “Podemos comemorar muitas vitórias. Podemos comemorar que a mulher já está ocupando lugares que só homens ocupavam. Presidência de várias empresas famosas e grandes, tem mulher presidindo bancos, pilotando aviões, motoristas de carreta (…). Já tem mulher onde ela quer estar, sendo o que quer ser. Podemos comemorar porque há 80 anos a mulher não votava, hoje nós votamos, nós colocamos o nosso nome para sermos votadas. Então está evoluindo, sim. E nós precisamos evoluir mais, precisamos ocupar o nosso espaço, porque o nosso espaço é em todo lugar (…). A gente não quer tomar o lugar do homem, a gente só quer ocupar o nosso espaço”.
Deputada Janete de Sá: “As mulheres estão mais inseridas no mercado de trabalho e em cargos como nunca visto antes. Tem mulher pilotando até avião de grande porte! Isso é um avanço enorme para todas nós. Mas eu volto a dizer que ainda podemos cada vez mais: podemos estar mais no mercado de trabalho, na política, na ciência, na segurança pública. E além de estarmos nessas posições, merecemos ser reconhecidas também, com salários compatíveis com o mercado, com a função que exercemos, tendo direitos iguais aos dos homens. E que este 8 de Março seja não somente para celebrar, mas para que possamos continuar na luta de conquistas, principalmente com relação aos nossos direitos”.
Deputada Camila Valadão: “Tanto que, no Espírito Santo, hoje temos quatro deputadas, (e na legislatura passada) eram três. Acho que esse é um avanço. Mas como eu ressaltei, acho que a gente vem avançando muito lentamente. Acho que nós precisávamos de medidas mais incisivas para poder alterar essa realidade de violência e desigualdade. Então a gente tem aspectos a comemorar, mas eu acho que a gente precisa, a cada 8 de março, a cada mês das mulheres, sempre lançar luz sobre os desafios que ainda precisam ser superados. Infelizmente esses são muitos”.
Deputada Iriny Lopes: considera que “sempre há o que comemorar. Porque nós sempre conseguimos avançar um pedaço. E cada pedaço que avançamos nos custa dedicação, nos custa exposição, nos custa sermos ridicularizadas, nos custa sermos violentadas verbalmente e de outras maneiras. Então, tem custo. Então se eu conquisto, porque não vou comemorar? Vou comemorar. E vou dizer: as pessoas que abandonam a esperança, que se entregam (dizendo) ‘isso não tem jeito, vai ser assim’, essas já perderam. E nós não estamos aqui para perder”.