Muito se engana quem pensa que o colesterol alto é um problema que afeta adultos e idosos exclusivamente. Dados recentes mostram que um número expressivo de crianças e adolescentes brasileiros já apresenta alterações preocupantes nos níveis de gordura no sangue, mesmo que não apresentem sintomas aparentes. No Dia Nacional de Combate ao Colesterol, celebrado em 8 de agosto, especialistas da Estácio no Espírito Santo alertam para os riscos precoces dessa condição e destacam caminhos possíveis para prevenção e até reversão.
Uma revisão sistemática publicada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em abril de 2023 apontou que 27,4% das crianças e adolescentes brasileiros, entre 2 e 19 anos, têm colesterol total elevado, de acordo com os parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O mesmo estudo revelou que 19,2% apresentam níveis alterados de LDL, o chamado “colesterol ruim”.
O excesso de colesterol, quando não tratado, pode causar o surgimento de doenças cardiovasculares ao longo da vida, como infarto e AVC, o que é mais grave quando os fatores de risco começam cedo na vida de um ser humano. A nutricionista Ariane Dias, coordenadora do curso de Nutrição da Estácio no Espírito Santo, destaca que a alimentação ruim é o principal motivo para este cenário crítico.
“O consumo elevado de alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, refrigerantes, biscoitos recheados e fast food, está fortemente associado ao aumento do colesterol LDL, colesterol total e triglicerídeos, além de contribuir para a redução do HDL, que é o colesterol bom”, explica.
Segundo ela, esses alimentos são ricos em gorduras saturadas, trans, sódio e açúcares refinados, além de pobres em fibras, resultando em uma combinação perigosa para a saúde cardiovascular, principalmente para quem tem histórico familiar de doenças cardíacas, obesidade ou diabetes.
Início do cuidado pode vir ainda na infância
A triagem de colesterol em crianças e adolescentes deve ser feita em momentos estratégicos, conforme orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ariane explica que, em casos com fatores de risco, os exames devem começar entre 2 e 8 anos de idade. Já para a população em geral, a recomendação é realizar exames entre 9 e 11 anos, repetindo entre 17 e 21 anos.

Ela também chama atenção para as barreiras que dificultam a adoção de hábitos mais saudáveis pelos jovens. “Falta de tempo, o sabor atrativo dos ultraprocessados, pressão social e a própria influência dos hábitos familiares são obstáculos comuns. Muitos jovens não se sentem confiantes ou motivados a mudar”, avalia.
Entre as estratégias sugeridas, estão a redução do consumo de industrializados, o aumento do consumo de frutas, verduras, grãos integrais e sementes, além de envolver toda a família nas mudanças alimentares. A prática regular de exercícios também é fundamental.
Atividades físicas como parte da solução
Para a professora Roberta Rica, do curso de Educação Física do Centro Universitário Estácio de Vitória, o sedentarismo é outro grande vilão e é elevado pelo uso excessivo de telas. “Quando os jovens passam muito tempo sentados, com pouca atividade física, o corpo gasta menos energia, favorecendo o acúmulo de gordura no sangue. Isso é ainda mais problemátcio porque, geralmente, o tempo de tela vem acompanhado de uma alimentação ruim, como fast food e refrigerantes”, alerta.

A recomendação da especialista é clara: adolescentes devem praticar ao menos 60 minutos de atividade física diária, de preferência com intensidade moderada a vigorosa. Caminhadas rápidas, bicicleta, dança, natação e esportes coletivos são ótimas opções. Além disso, exercícios de força, como circuitos com o peso do próprio corpo ou musculação, também são benéficos, pois ajudam a aumentar a massa magra e o gasto calórico, mesmo em repouso. “O colesterol alto na juventude é um fator silencioso, mas pode ter consequências graves na vida adulta. A boa notícia é que, com alimentação equilibrada, atividade física regular e conscientização, é possível prevenir e até reverter esse quadro”, reforça Roberta.
Fonte: Assessoria