O Encontro da Indústria 2025 aconteceu no final de maio e foi realizado pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e pelo Centro da Indústria do Espírito Santo (Cindes) em Vitória. O evento celebrou e homenageou importantes nomes que contribuíram para o fortalecimento da indústria capixaba ao longo do último ano.
O economista, professor, autor e palestrante brasileiro Eduardo Giannetti falou sobre Desenvolvimento econômico e perspectivas para a Indústria Brasileira.
“Existe uma realidade que é previsível e que todos nós mudaremos nos próximos anos e décadas. Estamos vivendo o fim de um ciclo longo de hiperglobalização. Isso é uma coisa permanente, uma verdade que veio para ficar […] Agora estamos entrando em um novo capítulo. Essa hiperglobalização começa a se enfraquecer a partir da crise financeira de 2008 e 2009. Esse movimento se aprofunda durante a pandemia e, principalmente, durante a saída dela, com todo o problema que houve de fragilização das cadeias globais de produção”, afirmou Giannetti.
Principais pontos de cada tema:
Cenário internacional
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- O mundo recente é marcado por eventos imprevisíveis e choques, como a pandemia, guerras (Oriente Médio e Ucrânia), polarização política, revolução tecnológica, avanço das energias renováveis e aumento de eventos climáticos extremos;
- A hiperglobalização está em declínio desde a crise de 2008-2009, intensificada pela pandemia e fragilidade das cadeias globais de produção;
- O protecionismo está em alta, com impactos como redução do comércio internacional, desvio de comércio, menor eficiência microeconômica, aumento da inflação, incerteza nos investimentos e perda de confiança no dólar como moeda internacional;
- O fim da hiperglobalização leva países a buscarem diversificação e segurança nas cadeias produtivas, reduzindo dependência de poucos fornecedores, especialmente em setores críticos como chips e ingredientes farmacêuticos;
- O protecionismo dos EUA, com aumento de tarifas, gera incertezas nas regras do comércio internacional e instabilidade para investimentos globais.
Economia brasileira
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- O Brasil, por ser pouco integrado ao comércio global, pode se beneficiar do novo cenário, aumentando sua participação em manufaturas, agricultura e serviços no comércio internacional.
- A gestão responsável dos recursos naturais e do patrimônio ambiental é uma condição indispensável para o Brasil aproveitar suas vantagens comparativas sem comprometer o futuro;
- Apenas 14 países romperam a armadilha da renda média nos últimos 70 anos, todos ampliando a exportação de manufaturas, serviços ou commodities — caminhos potenciais para o Brasil.
- Apesar das dificuldades, o Brasil surpreendeu positivamente com crescimento acima de 3% ao ano, geração de empregos, redução do desmatamento e melhora no IDH.
Desafios colocados para o Brasil e a indústria nacional
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- O país enfrenta desafios como juros elevados, problema fiscal estrutural, Custo Brasil, necessidade de revisão de gastos públicos e tributários, e engessamento do orçamento;
- O Brasil é altamente vocacionado para energias renováveis, como solar e eólica, com custos de produção já competitivos e grande potencial de expansão sem necessidade de subsídio;
- O grande desafio da indústria do Espírito Santo é agregar valor à produção alimentar. A primeira coisa que as pessoas fazem quando passam a ter uma renda melhor, é melhorar a dieta;
- O Brasil tem potencial inexplorado no turismo internacional e na exportação de serviços;
- O futuro do país depende do investimento em capital humano (educação) e da gestão responsável do patrimônio ambiental;
- Falhas na infraestrutura ainda limitam o potencial do país no comércio internacional, exigindo investimentos e planejamento de longo prazo.
Fonte: Findes