Política em um minuto – 17/10/2023
Os vereadores de Guarapari aprovaram por unanimidade o regime de urgência com dispensa de debate para projeto que vai mudar o PDM de regiões de interesse de um grupo de empresários liderados por Maely Coelho, proprietário da MedSenior que comprou o tradicional Siribeira Iate Clube, que fica no centro da Cidade.
No projeto original enviado pelo prefeito Edson Magalhães à Câmara de Vereadores, a mudança ocorreria apenas em Buenos Aires, região onde Maely pretende construir um grande centro comercial e onde o prefeito tem realizado obras de infraestrutura sem ouvir a comunidade.
Regime de urgência
O projeto que altera o Plano Diretor Municipal (PDM) da região de Buenos Aires não cumpriu um requisito básico para ser tramitado: audiência pública. Mesmo sem ser debatido com os moradores, os vereadores presentes na sessão pretendiam votar em regime de urgência. Mas, depois que um vídeo denunciando a manobra, e publicado no canal do YouTube do Realidade Capixaba, os vereadores abandonaram o plenário e não votaram o projeto.
Segundo a informação passada por um um vereador, o projeto original era apenas para a região de Buenos Aires, mas outras regiões seriam incluídas antes da votação: “o prefeito pediu prioridade nesse projeto porque fazia parte de um acordo com o empresário Maely.
No acordo, a área onde um grupo de empresários vai construir um centro comercial teria o PDM alterado para permitir a construção. Maely também tinha interesse em outras duas regiões, Nova Guarapari, onde também comprou uma grande área, e na região onde fica o Siribeira. Em Nova Guarapari o projeto de alteração do PDM também foi incluído na pauta, mas com a repercussão negativa, o presidente retirou e mandou arquivar. O terreno do Siribeira não deu tempo de colocar na pauta, mas o Refis que está tramitando na casa concede 100% de desconto nas dívidas do Siribeira. Mas agora não sei se será aprovado”, explicou um vereador que disse ser contra a manobra e que por isso abandonou o plenário.
Câmara deveria conceder a isenção ao Siribeira para beneficiar comprador
No acordo de venda do Siribeira ficou acertado com o comprador que as multas e juros seriam cancelados e que o Siribeira receberia ainda 50% de desconto no valor devido que era superior à seis milhões de reais. Procurado pela nossa equipe, o comodoro Renato Cruz confirmou o desconto. “O Siribeira foi a leilão e foi comprado por 15 milhões pelo Maely. Nós conseguimos uma liminar cancelando a venda, mas expliquei aos sócios que se não vendêssemos rápido o clube iria a leilão outra vez. Então conseguimos vender por 25 milhões para o mesmo empresário que tinha comprado por 15 milhões e ainda fizemos um acordo para ele pagar as dívidas com desconto”. Contou o comodoro.
Outro ponto polêmico na venda do Siribeira é sobre a divisão dos valores. O Siribeira é uma instituição sem fins lucrativos com o objetivo de fomentar a cultura e o esporte, mas a venda gerou um lucro de mais de 20 milhões de reais para os sócios. “O dinheiro será dividido entre os sócios por título”. disse Ricardo Cruz.
Áudio Ricardo Cruz
Um áudio do comodoro Ricardo Cruz circulou em alguns grupos de WhatsApp. No áudio o comodoro confirma o pagamento da dívida com desconto e comemora o fato do clube não poder mais ser leiloado. Ainda no áudio, Ricardo Cruz informa que o rateio será feito entre os sócios assim que o pagamento for efetuado. Confira o áudio:
Sócios insatisfeitos
Existe entre alguns sócios uma reclamação de que alguns empresários receberam informações privilegiadas e com isso compraram vários títulos: “um sócio possui 40 títulos. Se isso não for prova de que aconteceu tráfico de influência então eu não sei o que dizer”, desabafou um sócio que informou ter entrado na justiça para cancelar a venda. Sobre a relação dos sócios, o comodoro não quis comentar: “A lista de sócios não será divulgada porque não tem necessidade”, finalizou Ricardo Cruz.
Câmara divulga nota
Depois da polêmica a câmara de vereadores de Guarapari publicou uma nota:
E agora?
Agora é acompanhar as sessões da câmara e observar como os vereadores votam o projeto de mudança do PDM.