terça-feira, 18 de fevereiro de 2025 / 23:30
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Avanço das gigantes da tecnologia coloca democracia em risco

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Por Flávia Fernandes 

Descubra como o poder silencioso das Big Techs está moldando a democracia brasileira e o que está em jogo na luta por regulamentação.

Em 2025, as gigantes da tecnologia continuam a expandir sua influência sobre a sociedade, levantando questões urgentes sobre o equilíbrio de poder em democracias modernas. Empresas como Google, Meta e Amazon já não se limitam a fornecer serviços digitais. Elas moldam comportamentos, controlam o fluxo de informações e, cada vez mais, intervêm em processos políticos. No Brasil, a luta pela regulamentação da inteligência artificial revela as complexidades de conter o poder dessas corporações em um cenário político fragilizado e permeado por interesses econômicos. 

O Congresso Nacional enfrenta desafios significativos ao tentar aprovar um marco regulatório para a inteligência artificial. Em um ambiente marcado pela desigualdade e pela dependência tecnológica, as Big Techs têm investido pesado em lobby para impedir a criação de regras que limitem seu domínio. Sob o pretexto de proteger a inovação, esses gigantes evitam regulações que exigem transparência e responsabilização por algoritmos que promovem desinformação e reforçam preconceitos.

Essa ausência de regulamentação fragiliza os direitos dos cidadãos e compromete, ao mesmo tempo, a soberania digital do país. O Brasil, que já enfrenta desafios no acesso à tecnologia em regiões periféricas, corre o risco de se tornar ainda mais dependente de soluções estrangeiras. Com isso, a capacidade de o país desenvolver alternativas próprias e proteger seus interesses fica cada vez mais comprometida. 

Enquanto isso, a política brasileira parece incapaz de resistir às pressões do Vale do Silício. É sabido que as empresas têm financiado campanhas para suavizar os projetos de lei em tramitação, muitas vezes influenciando diretamente deputados e senadores. Essa atuação não se limita à esfera legislativa. As Big Techs utilizam sua presença digital massiva para moldar opiniões públicas, promovendo narrativas que favorecem a autorregulação em vez de medidas concretas de controle. 

Embora os debates sobre a regulamentação da inteligência artificial ainda estejam em andamento, o Brasil precisa agir rapidamente para evitar um futuro em que a tecnologia opere sem supervisão. A regulamentação não é uma barreira à inovação, mas uma forma de garantir que ela ocorra de maneira ética e inclusiva, protegendo os direitos fundamentais e assegurando a pluralidade de vozes no ambiente digital. Sem ações concretas, o país pode se tornar refém de interesses corporativos que privilegiam o lucro sobre o bem-estar coletivo.

Retomar o controle sobre o poder das gigantes da tecnologia exige mais do que ações legislativas. É preciso mobilizar a sociedade civil, fortalecer iniciativas locais de inovação e investir em educação digital para capacitar os cidadãos a compreender e questionar os impactos dessas tecnologias. O desafio é criar um sistema onde a tecnologia sirva ao bem comum, e não ao lucro de poucos. 

Em troca de apoio a líderes políticos com ideologias específicas, como Donald Trump, empresas como a Meta têm moldado suas políticas para consolidar interesses próprios, ignorando legislações e impondo suas “regras da comunidade” acima das leis locais. Essa estratégia ameaça a liberdade de expressão ao manipular algoritmos e decidir quais vozes são amplificadas ou silenciadas, além de representar uma grave interferência na soberania digital de países como o Brasil. Tal postura evidencia a necessidade urgente de regulamentação, para que a sociedade não se torne refém de gigantes corporativos que privilegiam o lucro em detrimento do bem-estar coletivo.

A democracia brasileira, com todas as suas fragilidades, está diante de uma encruzilhada. Se não enfrentarmos com seriedade a influência desproporcional das Big Techs, corremos o risco de ver nossas instituições enfraquecidas por interesses privados e nossos direitos diluídos por algoritmos invisíveis. O momento exige coragem política e participação ativa da sociedade para garantir que o futuro digital seja justo, democrático e inclusivo.

SOBRE A AUTORA 

Instagram @flaviaconteudo

Flávia Fernandes é jornalista formada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), professora de língua inglesa e especialista em inteligência artificial pela PUC Minas e Faculdade Exame. Apaixonada por educação e inovação, investiga as conexões entre tecnologia, sociedade e o cotidiano.

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