O presidente da câmara de Guarapari, vereador Wendel Lima viajou para Minas Gerais, a convite do Instituto Tiradentes, onde será “homenageado” com o Título de Melhor Vereador de Guarapari. A informação, confirmada por uma fonte da câmara, é no mínimo curiosa, uma vez que o vereador está no cargo há apenas sete meses.
A equipe do Portal Realidade Capixaba entrou em contato com o Instituto Tiradentes e foi informada que uma pesquisa no município indicou o vereador como um dos melhores de Guarapari. Os vereadores Fernanda Mazzelli e Lennon Monjardim também foram “escolhidos” pra receber esse prêmio. Além dos vereadores, acompanha o grupo uma assessora do vereador Wendel. Nossa equipe apurou que a assessora desempenha a atividade de assessoria de comunicação. Nossa equipe solicitou cópia da pesquisa que apontou os vereadores como os melhores de Guarapari, mas não conseguimos retorno do Instituto.

No site do Instituto Tiradentes (www.institutotiradentes.com), nossa equipe confirmou que a especialidade do Instituto é homenagear políticos por seu “desempenho”, mas não esclarece o método utilizado. A informação disponível no site diz que o “homenageado” precisa pagar uma taxa no valor de R$700,00 para receber o prêmio em Minas Gerais e que a taxa também dá direito a participar de um seminário. Segundo nossa fonte na câmara, os vereadores viajaram na manhã de quarta-feira, 23/08, com retorno previsto para o dia 25/08. Por conta desta “homenagem” os vereadores vão faltar três dias de trabalho e não vão participar da sessão da câmara desta quinta-feira, 24/08.
Durante a pesquisa feita na página oficial do Instituto Tiradentes conseguimos a informação de que aproximadamente mais de 5 mil vereadores já receberam esta “honraria” e que muitos foram denunciados pelo Ministério Público, em vários estados do Brasil, por gastos impróprios com diárias.
Nossa equipe foi às ruas de Guarapari ouvir o que pensam as pessoas sobre essa informação e perguntou: em tempo de crise, você acha adequado vereadores faltarem três dias de trabalho para receberem “homenagem” e participarem de um seminário?
A senhora Ana Martins, 63 anos, moradora do Centro disse que: “Não confio mais em político nenhum. São todos iguais. Não sei o que dizer”. Seu Sergio Francisco, 47 anos, morador de Muquiçaba disse: “Acho uma vergonha. O pior é que deve ter viajado com dinheiro da câmara”. O senhor Luis Fernando, 58 anos, morador de Setiba, disse: “Vergonha. Foi fazer curso de quê? Quem pagou isso?”. A senhora Maria Graça, 41 anos, moradora do Bairro Aeroporto disse: “Político é tudo igual. O pior é que eles nem ligam. Votam para ajudar os empresários e a saúde ninguém fiscaliza”.
Nossa equipe entrou em contato com a câmara para confirmar a viagem e saber sobre os custos, mas a informação é de que tudo estará disponível no Portal da Transparência. Em outra tentativa, por telefone, ao perguntar se o presidente estava na Casa, um funcionário respondeu: “Viajou, levou assessora e volta na sexta”. Depois da brincadeira, o servidor pediu para não ser identificado.
Em uma rede social os vereadores postaram imagens do “curso” que estão realizando. Na postagem, o presidente da câmara afirma que o curso é muito importante para a atividade politica.

Nossa equipe conseguiu a cópia do certificado que o “homenageado” recebe. Confirmamos a informação de que muitos políticos de Guarapari já receberam essa “honraria”, mas que é a primeira vez que políticos da cidade vão até Belo Horizonte receber em mãos. Nos anos anteriores a “homenagem” era entregue pelo correio, sem custo para o “homenageado”. “Para mim, ficou evidente que a “homenagem” é oferecida para todo mundo. Pagou, levou. Eu nem me dei ao trabalho de responder. Junto com o telefonema que informa sobre o prêmio vem a proposta de participar de um curso e um representante da empresa oferece logo um pacote de viagem. O meu certificado ainda veio errado. Me “homenagearam” como melhor secretário de Obras e eu nunca trabalhei na secretaria de Obras.” Concluiu um dos muitos “homenageados” que forneceu cópia da “honraria”, mas preferiu não ser identificado.



