terça-feira, 19 de março de 2024 / 08:10
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Opinião: É preciso resistir  

Em entrevista recente ao Jornal Estado de São Paulo, o ex-presidente nacional do PSDB e atual Senador Tasso Jereissati demonstra seu “arrependimento” ao ter apoiado o golpe de 2016, consolidado com o Impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Jereissati fala sobre os vários erros cometidos pelo partido tucano que ocasionaram o desgaste do partido.

O Senador, na entrevista, discorre que o primeiro erro do partido foi questionar as eleições de 2014. Já o segundo erro assinalado pelo ex-presidente do partido tucano foi votar contra seus princípios básicos, inclusive na economia, somente para ser contra o PT. E o maior erro, segundo ele, foi entrar no governo Temer, o que somado aos problemas de Aécio Neves causou a impopularidade do partido nestas eleições de 2018.

Essa fala de Jereissati nos remete ao golpe militar ocorrido em 1964, onde o General Olympio Mourão Filho, uma das principais figuras para concretização da conspiração, tomou sua decisão de depor o presidente, pelo fato de não “aceitar” a forma de “governo socialista” de João Goulart.

Ou seja, por ter “horror ao comunismo”, paranoia de muitos, fomentada pelo imperialismo norte-americano, o General Mourão optou por agir no sentido da insubordinação ao comandante-em-chefe das Forças Armadas, o presidente da República.

Por não aceitar a continuidade de um governo de esquerda, por ser contra o PT, o PSDB provocou o que também culminou com um golpe em 2016.

O General Mourão que já havia participado do golpe do Estado Novo, quando em 1937 produziu o Plano Cohen, um documento que simulava um planejamento de uma revolução comunista no Brasil. Este documento de um plano fictício foi “apresentado”, sem querer querendo, ao General Góes Monteiro, ministro da Guerra do governo getulista, e noticiado à mídia, servindo de base para o golpe que produziu a ditadura do Estado Novo do presidente Getúlio Vargas.

O Plano Cohen foi a maior fraude e traição à pátria brasileira. Seu autor, o então capitão Olympio Mourão Filho, que foi useiro de traição e inconsequências, de capitão a general as suas marcas são de embusteiro e golpista.

As Forças Armadas, em especial as suas elites, na história do Brasil, tutelaram a nação, ora pela força, ora pela fraude. Na nossa história, os militares interferiram quatro vezes para derrubar o governo através de golpe de Estado.

O General, como dito por sua Filha, Laurita Mourão, não almejava um governo militar, acreditava que elegeria Magalhães Pinto, em suposta eleição que aconteceria um mês após o golpe. Porém, não foi o que aconteceu, ele se mostrou arrependido e nada fez ao ver o poder ser tomado por militares e o país entregue à ruína e a desgraça, evidenciada pela incompetência na administração, tanto na política quanto na economia, mostrando aptidão apenas na barbárie.

Na atualidade, também se vê instalado o caos, consumado num golpe que culminou com o rompimento da democracia, através da quebra das leis e das regras contidas na Constituição Federal, colocou no poder um presidente sem legitimação da soberania popular, num acordo “com o Supremo, com tudo”, e com a marca da deslealdade do vice-presidente que usurpou a presidência.

“É um acordo, botar o Michel (Temer), num grande acordo nacional”. “Com o Supremo, com tudo”. “Com tudo, aí parava tudo”. (Jucá para Sergio Machado).

Quando o senador Jucá profere esta frase, ele está se referindo a alguém que fez articulações nacionais, que está propondo e organizando um acordo. Quem teria condições de articular com as várias instituições do Brasil e conseguiria arquitetar o golpe? Não há entidade ou instituição no Brasil que seria capaz disso, e vindo do exterior seria detectado, pelo menos vestígios. O único político que tem relações internacionais e nacionais, com essa capacidade e esse caráter golpista, chama-se Fernando Henrique Cardoso.

Quando se rompe a Constituição, abre-se a porteira da insanidade e de outras surpresas, tais como simboliza a caixa de pandora. O golpe deu certo, usurparam o governo, mas o golpismo vem fracassando, não conta com apoio popular, as instituições se encontram fragilizadas, a ponto das elites fascistas e entreguistas do Exército articularem novamente a tutela da nação.

Esse mesmo FHC publicou um artigo recente propondo a unidade das forças de direita para enfrentar a chapa indicada pelo Lula – Haddad e a Manuela – pois, certo está que a chapa será vitoriosa.

O arrependimento do Jereissati e o artigo do FHC são peças que se encaixam. E a terceira jogada é o manifesto liderado pelo jurista golpista, Miguel Reali Junior, sendo que este é na cara dura do cinismo mesmo, manifesta como se não fosse um dos responsáveis maiores pelo impeachment da legítima presidente Dilma Rousseff e decorrente sangramento da democracia e do direito no país.

Tendo em vista os retrocessos que atingiram o país, o arrependimento tanto do General Mourão quanto do partido Tucano, somados à instabilidade política e a queda na economia, o que resta para o país além das declarações de remorso desses golpistas?

Mais golpe dos quadrilheiros? O outro Mourão, general como o arrependido Olímpio, fez declarações em que deixa claro a sua intenção ao defender uma possível intervenção das Forças Armadas, caso as instituições não resolvam “o problema político” do país. Hamilton Mourão, ainda demonstrou sua aprovação à ditadura militar ao elogiar o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou os principais centros de tortura e extermínio na ditadura militar. O capitão e o general, candidatos a presidente e vice, representam as viúvas saudosistas da ditadura militar, que só infelicitou a nação brasileira.

O rastro da ditadura é trágico: os militares entregaram o governo com uma inflação de 270% ao ano, com um modelo retroalimentador chamado correção monetária; deixaram uma dívida  externa de 53,8 do PIB;  o valor real do salário mínimo caiu 50,3%; e uma esteira de barbárie, torturas até de bebês entre as mais de duas mil pessoas seviciadas, 434 mortos e desaparecidos, oficialmente pela Comissão Nacional da Verdade. Já os números de pesquisadores, somando os assassinatos de camponeses (756) e indígenas (8300), chegam a um montante de 9490 mortos pela ditadura. Promiscuidade com o esquadrão da morte nos assassinatos de presos políticos e comuns. Corrupção até por filhos e mulheres de oficiais, tais como: superfaturamento (obras), desvio de dinheiro público, contrabando de armas e drogas, obstrução de Justiça, enriquecimento ilícito por suborno, propina, extorsão, caixa 2 e benefícios fiscais. Exemplos: Ponte Rio Niterói / Transamazônica / Empréstimos no Banco do Brasil / Fraude do Farelo / Caso Delfin / Caso Coroa-Brastel / Caso FIAT / Caso Eletrobrás / Caso Ipiranga / etc.

Os militares tiverem poder absoluto, pois ditatorial, por 21 anos, muito tempo sem liberdade e muito tempo para o estrago que fizeram ao país, como ousam novamente? Creio que são alguns poucos, contudo, se um armado faz estrago, meia dúzia faz muito mais. É preciso calá-los, em respeito à Constituição que juraram lealdade.

O rastro do golpismo está claramente visível no desemprego de 14 milhões de brasileiros, nos congelamentos dos investimentos em educação, saúde e assistência social pelo período de 20 anos, segundo a PEC 241, nos direitos que estão sendo negados (retirados) aos trabalhadores através da reforma trabalhista, nos cortes em programas sociais, como a redução do número de beneficiados pelo programa Bolsa Família (935.00 famílias), queda na destinação de recursos para o FIES (redução em 12%); e mais o processo de privatizações, como a da PETROBRAS e transferência das riquezas produzidas pelo pré-sal, Casa da Moeda, Eletrobrás, aeroportos e estradas, entre tantos outros que atingem diretamente o povo brasileiro. Não para aí, vem entregando parte do território nacional e tecnologia, como a base de Alcântara e o conhecimento nuclear acumulado.

Se a Constituição Federal fora violada, se as leis foram descumpridas e utilizadas como arma de guerra, se o presidente é fruto de um golpe, sem legitimidade da soberania popular, quem detém o poder?

Nesta conjuntura, o único que tem o poder, são os que têm as armas. E quando a toga se une ou se curva diante das armas, podem estar erigindo a ditadura  judiciária-militar, com o apoio logístico da Globo.

Estamos diante de continuar andando para trás em termos de civilidade e à frente em termos de barbárie. Democracia ou fascismo; É o dilema que está à frente da sociedade brasileira.

A solução para o país pós-golpe está no resgate da democracia.

É necessário montar uma Frente Ampla Democrática e Patriótica, por um lado, e, por outro, multiplicar a criação de Comitês Populares pela Democracia, formando uma Rede de Resistência ao avanço desse golpismo, que não será cessado após as eleições, independente de resultado. Contudo, se Haddad vencer, e está caminhando para isso, irá necessitar sobremaneira tanto da Frente como da Rede.

Ciro Gomes e Roberto Requião reúnem os perfis e liderança para a organização dessa Frente, assim como Boulos, Stédile do MST e Wagner da CUT detêm experiência e liderança para a organização da Rede de Resistência.

Francisco Celso CalmonFrancisco Celso Calmon,

advogado e administrador, é coordenador do Fórum Memória, Verdade e Justiça e da Frente Brasil Popular

 

 

 

 

O conteúdo do texto é exclusivo e de responsabilidade do autor.

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1 COMENTÁRIO

  1. Estes textos tendenciosos não deveriam nem ser publicados! E nítido que este Cidadão é adpeto e discípulo do Réu Condenado por um Juiz e um Tribunal. Absurdo isso! Vai dizer ele também que a condenação do Lula foi um golpe e ele tá no mesmo patamar de Madre Teresa de Calcutá.

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